quarta-feira, 30 de março de 2011

Roupas


O que é mundano e abafara-nos os sentidos, agora trilha o curto caminho pelo chão até o emaranhado de nós, em segundos, a moralidade evapora-se nos vidros da "real realidade" e embaça-nos a visão para com o lado de dentro.

Mas logo dentro, que fora foi um dia!?

Pois é, não mais será.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Maratona De Um Só.


Que saudade dos vaga lumes, junto a eles se foram o céu e as nuvens, meu pescoço enferrujado e encurvado como um berimbal condenado a medir o chão. Os ouvidos já não escutam a serena melodia da vida, o frenético som dos tambores é o que agora nos guia, tambores no qual nós mesmos ditamos o ritmo, mas temos que ser rápidos ao batucar, pois se não, “nós” nos “deixa” para trás!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Criança + Fim de Ano = Arte


Caixinha de natal do lixeiro, confraternização em família, som alto na rua sem hora para acabar... Esses são alguns dos acontecimentos que jamais deixam de existir, porém dentre toda essa balbúrdia, brigas cômicas entre familiares e bebedeiras, existe um mundo todo especial, onde nada disso é notável a ponto de influir com significância.
Esse mundo se chama: "Ser criança".
Estar num corpo de criança em festas de fim de ano é simplesmente festa. Muitos nem imaginam do que se trata o Natal e em que consiste o Ano Novo, para eles são apenas palavras, porém palavras que lhes prometem gastar energia da forma que mais gostam, fazer arte, comer e dormir tarde!
Nestas festas já não participo como um menino, porém não deixei de reparar que há outros em meu lugar, que, talvez não como eu, pois os tempos mudaram, mas que fazem arte e dão trabalho à seus familiares e vizinhos.
Assim como eu, muitos pedirão desculpas por estourar a caixa de correios do vizinho com bombas, rasgarem a roupa nova de natal, por entupir a privada com o brinquedo novo, derramar o refrigerante na mesa, arrotar no parente, pediram desculpas por beijar a priminha, galopar no cachorro, subir no telhado e por muitas outras peripécias.
É a esses anjos travessos que dedico este texto de fim de ano, não sinto saudades dessas travessuras, pois minha parte sei que fiz e dei muito trabalho, somente admiro estas proezas que só criança consegue fazer e vez ou outra tiro uma casquinha pra relembrar, pois ninguém é de ferro, as trapalhadas diminuem, mas a criança nunca morre!

Um 2011 renovador para todos, beijo no coração.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Suicídio.


Acabo de presenciar uma tentativa de suicídio e quero descrever com detalhes o que vi.
São 17h14min , está um lindo dia ensolarado e o vento sopra o suficiente para que se torne ainda mais agradável caminhar no centro de
Pois bem. Estou caminhando em frente ao mosteiro São Bento, prestes a dar alguns passos São Paulo.
sobre o Viaduto Santa Ifigênia quando me deparo com um certo aglomerado ao lado esquerdo do viaduto, estavam todos excitados com o acontecimento, que ainda era um enigma para mim.
Chegando um pouco mais perto, ainda sem conseguir visualizar o ocorrido, compreendi do que se tratara. Alguém havia se jogado daquela altura.
Hesitei em olhar para baixo, pois não costumo colecionar más fotografias, porém desta vez fui seduzido de uma forma diferente, como se fosse necessário o gosto do jiló em minhas amídalas.

Lá estava o “Corajoso Rapaz” tinha em torno de 30 anos, usava uma camiseta azul com a logomarca de uma empresa (provavelmente onde trabalhava) e uma calça jeans, seu rosto era familiar, como aquelas pessoas que conhecemos a pouco e achamos que já tínhamos as encontrado em outros carnavais. Tinha uma aparência muito saudável apesar de sua atual situação de súplica.
Ele estava vivo e ao mesmo tempo que se mexia, tentando se erguer somente com a cabeça, estava mudo, com um toque de vermelho exposto em seu buço, um olhar típico de uma incompreensão da dor misturado com medo, franzia a testa como se dissesse um (“por quê?”) a alguém que ele mesmo criara em sua frente a dois palmos de suas aflições.

As pessoas a meu redor banalizavam a situação, dizendo frases como:
- Agora vai dar trabalho para a família... ;
- Viu lá o Super Homem...
Não tenho frases banais ou opinião formada, pois o suicídio e suas tentativas trazem sua frágil complexibilidade, é muito difícil discutir o assunto, pois há pontos sociais e religiosos que transformam o debate em um labirinto.


Pois bem. Deixo claro que fiquei em torno de dez segundos presente neste acontecimento, mas saiba que é o suficiente para que eu o leve para o resto da vida.